
Depois de 5 noites de apresentações a 60ª edição do Festival di Sanremo chegou ao fim. O decorrer da festividade, porém, foi marcado por polêmicas e revoltas. Bem, comecemos do princípio.
Coincidentemente, ou não, assim como na edição passada, a poucos dias do início de uma nova edição do Festival mais famoso da Itália surgiu uma questão polêmica. Vale lembrar que na edição anterior, a música defendida por Povia, Luca era gay, contava o relato autobiográfico de como a suposta homossexualidade do cantor foi curada. Não sem razão, despertou a ira dos homossexuais da Itália. Apesar de toda a polêmica, a música ainda alcançou um não merecido segundo lugar. Esse ano quem esteve no olho do furacão foi o cantor Morgan, jurado da versão italiana do programa X-Factor, que foi excluído do Festival por ter revelado em uma entrevista que consumiu drogas. Esse episódio durou alguns dias. Primeiro a ameaça de exclusão, depois a exclusão e houve também uma suposta chance de Morgan se retratar e conseguir voltar ao Festival. O ex-integrante do Bluvertigo deixou claro que o seu comentário não devia ser encarado como uma apologia às drogas, muito pelo contrário, e que, além disso, ele se sentia como se tivesse caído em uma armadilha, pois, de certa forma, distorceram o discurso dele. O que, humildemente, me parece ser a mais pura verdade. Aparentemente, Morgan foi o bode expiatório dessa edição do Festival.
Ocorreu que apenas 14 canções concorreram na categoria "Artisti". E pode-se dizer que a música de Morgan, La sera, fez falta, pois não houve dentre os "Big", e nem mesmo na "Nuova Generazione", uma música que conquistasse a maior parte do público. Resumidamente, o Festival foi morno, especialmente de quem se esperava mais. Por exemplo, a música de Irene Grandi, La cometa di Halley, não teve o impacto que se esperava, assim como Arisa com a sua Malamorenò, mesmo muito simpática, não conquistou como a sua música do ano anterior. Povia, que novamente tentou usar um tema polêmico - a eutanasia - também ficou meio apagado. Os mais experientes como Toto Cutugno e Nino D'Angelo, este cantando em dialeto mapolitano, também ficaram longe de empolgar. Os destaques positivos vão para Simone Cristicchi com a sua ácida, mas divertida Meno male, Malika Ayane, que interpretou Ricomincio da qui, Irene Fornaciari feat. Nomadi, com Il mondo piange e o último vencedor do X-Factor italiano, Marco Mengoni com a sua potente interpretação de Credimi ancora.
Antes do resultado do vencedor, foram informados os 7 excluídos dos 10 finalistas que se apresentaram na última noite. O público se revoltou com a maioria das exclusões e própria orquestra se revoltou, chegando até a jogar as partituras quando foi anunciada a exclusão de Malika Ayane, que recebeu o prêmio "Mia Martini".
A vitória, que não deveria nos surpreender uma vez que os resultados do Sanremo nem sempre são justos, ficou com o pouco carismático Valerio Scanu e sua música chatinha e pouco original Per tutte le volte che, entre os três colocados ainda figuraram o trio Pupo, Emanuele Filiberto (membro da família real italiana) e o tenor Luca Canonici, com a demagógica e enfadonha Italia amore mio, e Marco Mengoni. Dessa forma, tal qual como no ano passado, o vencedor do festival mais famoso da Itália é um ex-participante do programa televisivo "Amici", comandado por Maria de Filippi.
O resultado da categoria dos cantores menos conhecidos foi um pouco mais justo, os quatro finalistas: Luca Marino, Tony Maiello, Jessica Brando (de apenas quinze anos) e Nina Zilli realmente eram os melhores, tanto em relação à interpretação quando à música, dos 10 participantes. Ainda que eu particularmente preferisse que Luca Marino vencesse, não se pode dizer que a vitória de Tony Maiello, também ex-participante do X-Factor, seja injusta. O prêmio da crítica foi para Nina Zilli.
O Festival ainda contou com participações especiais de Susan Boyle, Jennifer Lopez, Tokio Hotel, Elisa, Francesco Renga e outros.
Agora só resta esperar que a próxima edição do Festival seja mais emocionante - em se tratando das canções e não das polêmicas - e mais justa nos seus resultados...