sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Festival di Sanremo 2010


Depois de 5 noites de apresentações a 60ª edição do Festival di Sanremo chegou ao fim. O decorrer da festividade, porém, foi marcado por polêmicas e revoltas. Bem, comecemos do princípio.
Coincidentemente, ou não, assim como na edição passada, a poucos dias do início de uma nova edição do Festival mais famoso da Itália surgiu uma questão polêmica. Vale lembrar que na edição anterior, a música defendida por Povia, Luca era gay, contava o relato autobiográfico de como a suposta homossexualidade do cantor foi curada. Não sem razão, despertou a ira dos homossexuais da Itália. Apesar de toda a polêmica, a música ainda alcançou um não merecido segundo lugar. Esse ano quem esteve no olho do furacão foi o cantor Morgan, jurado da versão italiana do programa X-Factor, que foi excluído do Festival por ter revelado em uma entrevista que consumiu drogas. Esse episódio durou alguns dias. Primeiro a ameaça de exclusão, depois a exclusão e houve também uma suposta chance de Morgan se retratar e conseguir voltar ao Festival. O ex-integrante do Bluvertigo deixou claro que o seu comentário não devia ser encarado como uma apologia às drogas, muito pelo contrário, e que, além disso, ele se sentia como se tivesse caído em uma armadilha, pois, de certa forma, distorceram o discurso dele. O que, humildemente, me parece ser a mais pura verdade. Aparentemente, Morgan foi o bode expiatório dessa edição do Festival.
Ocorreu que apenas 14 canções concorreram na categoria "Artisti". E pode-se dizer que a música de Morgan, La sera, fez falta, pois não houve dentre os "Big", e nem mesmo na "Nuova Generazione", uma música que conquistasse a maior parte do público. Resumidamente, o Festival foi morno, especialmente de quem se esperava mais. Por exemplo, a música de Irene Grandi, La cometa di Halley, não teve o impacto que se esperava, assim como Arisa com a sua Malamorenò, mesmo muito simpática, não conquistou como a sua música do ano anterior. Povia, que novamente tentou usar um tema polêmico - a eutanasia - também ficou meio apagado. Os mais experientes como Toto Cutugno e Nino D'Angelo, este cantando em dialeto mapolitano, também ficaram longe de empolgar. Os destaques positivos vão para Simone Cristicchi com a sua ácida, mas divertida Meno male, Malika Ayane, que interpretou Ricomincio da qui, Irene Fornaciari feat. Nomadi, com Il mondo piange e o último vencedor do X-Factor italiano, Marco Mengoni com a sua potente interpretação de Credimi ancora.
Antes do resultado do vencedor, foram informados os 7 excluídos dos 10 finalistas que se apresentaram na última noite. O público se revoltou com a maioria das exclusões e própria orquestra se revoltou, chegando até a jogar as partituras quando foi anunciada a exclusão de Malika Ayane, que recebeu o prêmio "Mia Martini".
A vitória, que não deveria nos surpreender uma vez que os resultados do Sanremo nem sempre são justos, ficou com o pouco carismático Valerio Scanu e sua música chatinha e pouco original Per tutte le volte che, entre os três colocados ainda figuraram o trio Pupo, Emanuele Filiberto (membro da família real italiana) e o tenor Luca Canonici, com a demagógica e enfadonha Italia amore mio, e Marco Mengoni. Dessa forma, tal qual como no ano passado, o vencedor do festival mais famoso da Itália é um ex-participante do programa televisivo "Amici", comandado por Maria de Filippi.
O resultado da categoria dos cantores menos conhecidos foi um pouco mais justo, os quatro finalistas: Luca Marino, Tony Maiello, Jessica Brando (de apenas quinze anos) e Nina Zilli realmente eram os melhores, tanto em relação à interpretação quando à música, dos 10 participantes. Ainda que eu particularmente preferisse que Luca Marino vencesse, não se pode dizer que a vitória de Tony Maiello, também ex-participante do X-Factor, seja injusta. O prêmio da crítica foi para Nina Zilli.
O Festival ainda contou com participações especiais de Susan Boyle, Jennifer Lopez, Tokio Hotel, Elisa, Francesco Renga e outros.
Agora só resta esperar que a próxima edição do Festival seja mais emocionante - em se tratando das canções e não das polêmicas - e mais justa nos seus resultados...

4 comentários:

Dia D disse...

Boa Tarde, estava ansiosa para saber da opinião de vocês sobre o Festival. Eu também concordo com vocês sobre a exclusão do Morgan, ele como sempre tem composições ótimas, e excluí-lo porque ele é um usuário de drogas foi uma atitude hipócrita, pois, ele mesmo disse que não tem orgulho de ser um dependente. Quanto aos ganhadores... Uma decepção atrás da outra, na minha opinião, os cantores de maior impacto foram a Malika Ayane, que eu gosto muito, e o Povia, que eu odiei a música dele do ano passado, mas, este ano ele trouxe uma canção muito bonita, a música "Meno male" achei divertida, mas, menos impactante que "Ti regalerò una rosa". Na categoria jovem, não encontrei ótimos artistas como de edições anteriores, mas, me simpatizei com o Jacopo Ratini. Tirando os convidados para participar do Festival, creio que o deste ano, foi um dos piores que já vi, afinal, o último Festival que me deixou feliz em todos os aspectos, foi o de 2007.
Baci.

Ana Maria disse...

Este ano também não gostei tanto. A minha preferida foi a do Povia. Mesmo assim assisti quase tudo.

Adoro este blog! Amo a música e a cultura italiana. O idioma é o mais lindo que existe.

Thay disse...

Olá, Dia D! Muito obrigada por comentar. Fico honrada em saber que vc aguardava a nossa opinião. Malika sem dúvida foi um dos pontos positivos do festival. Ao contrário do ano passado, gostei da canção do Povia, porém me pareceu - especialmente a melodia - muito semelhante a maior parte dos trabalhos anteriores dele. Realmente, dificilmente Cristicchi impactar tanto e tão positivamente quanto "Ti regalerò una rosa". Sobre o Jacopo Ratini, perdi um pouco da empolagação pela semelhança da música dele com a "Io Sono", da Arisa. Se puder, escute.
Adoramos o seu comentário. Continue compartilhando as suas opiniões sempre que quiser.
Baci

Thay disse...

Olá, Ana Maria!

Realmente, o festival poderia ter sido melhor.
Fico muito feliz com os seus elogios! Também temos uma ligação muito especial com a língua italiana, assim como a música, ela é mágica.
Abraços!