quinta-feira, 8 de abril de 2010

Luca Marino: Con la giacca di mio padre (2010)

Luca Marino (Busto Arsizio, 1981) foi um dos artistas que se apresentaram na categoria “Nuova Generazione” da 60ª edição do tradicional Festival di Sanremo. Chegou à final da sua categoria, mas não venceu. Já comentei aqui e aqui que gostaria que a vitória fosse dele. Contudo, como no Festival temos contato com apenas uma canção de cada artista, chegou o momento de opinar sobre o álbum de estreia do cantor, lançado durante o Sanremo deste ano.

A primeira atenção vai, certamente, para o título do álbum, bastante original. Para Luca Marino, a ideia a ser transmitida é justamente a de responsabilidade.

Alguns dos comentários que li, antes de ouvir o álbum, apontavam uma semelhança entre o estilo de Luca Marino e o de Gianluca Grignani. Eu achava totalmente ilógico. Conheço relativamente pouco do trabalho do Grignani, mas não conseguia ver nenhuma semelhança entre Non mi dai pace e qualquer outra música do cantor de Milão. Mas isso foi até ouvir “Con la giacca di mio padre”.

A música que abre o álbum é Non è stato semplice, e se eu não tivesse a certeza que o álbum era do Luca Marino poderia jurar que se tratava de uma interpretação do Grignani. A música, que não é ruim, é bem diferente do estilo da defendida no Sanremo. Talvez a grande semelhança com o estilo de um outro cantor já famoso ou mesmo os trechos em que a dicção fica um pouco comprometida me fazem não gostar da música. Confesso que nesse momento, pensei que tivesse me enganado com o meu mais novo queridinho.

A segunda faixa é La mia ragazza mi ha lasciato per uno di nome Fabio. O título quilométrico sintetiza exatamente a música. Canções de desilusões amores não fazem muito o meu estilo, porém o diferencial de La mia ragazza mi ha lasciato per uno di nome Fabio é justamente o arranjo “pra cima”, que torna música divertida, carismática e “radiofônica”. Acredito que essa seja uma boa opção para o segundo single do cantor. Cabe destacar que nesta música a semelhança com Gianluca Grignani ainda existe, porém menos acentuada.

A terceira faixa é Delirio delle tre e é uma das minhas preferidas, a primeira sem lembrar Grignani, o que mostra que Luca Marino tem sim o “seu” estilo de cantar. A música fala da vontade de fugir de uma situação insustentável, do companheiro e de si mesmo. E Roma é apresentada como destino da fuga, como o lugar que possibilita um recomeço.

A música seguinte é Fili d’incanto, com a qual eu tenho uma relação um pouco contraditória. Por um lado acho a interpretação do Luca Marino fantástica nesta canção, por outro, ela, em especial seu texto, não me “convenceu” e muito menos me conquistou. A música, assim como todas do álbum, fala de amor, neste caso o artista quer e pode oferecer a sua amada. Tinha tudo para ser uma das melhores, mas acaba sendo sem graça.

Non mi dai pace é a quinta faixa. A música é lindíssima e ainda que não tenha vencido a categoria em que concorreu no Festival, foi a melhor escolha para o Sanremo. Sem dúvida, Luca Marino (autor de todas as músicas deste álbum) foi imensamente feliz ao compor esta música. Em especial o trecho “tu per me, sei sole, cielo e lacrime”*. Retrato perfeito do redemoinho de emoções que vem com o amor.

Levriero, faixa seguinte, dá a impressão de que algo não combina. É a que tem o arranjo mais animado, e realmente o problema não é o arranjo, nem a letra e também não é a interpretação. Simplesmente parece que música não está em sintonia com o restante do cd. É como se fosse apenas uma mais animadinha porque o álbum precisava de uma faixa com essas características.

Niente come te é outra boa música. Também fala de um amor não correspondido, mas de uma forma “bem dosada”, que faz com que a canção se torne mais agradável a cada nova audição.

A penúltima faixa é L’estate, que trata da alegria do amor (finalmente!) realizado. É uma ótima música, ainda que não tenha a poesia de Non mi dai pace.

A música que encerra o álbum é Sole e grandine e, de certo modo, é o contrário de Non mi dai pace, pois nesta canta-se o que a amada é para o cantor e na última faixa de “Con la giacca di mio padre” é cantado o que se gostaria de ser para a sua amada. É uma boa música, não mais e nem menos.

Con la giacca di mio padre”, de modo geral, é um bom álbum de estreia. A semelhança, em especial nas primeiras faixas, com o estilo de Gianluca Grignani pode apagar o brilho do jovem cantor, mas as boas canções que Luca Marino interpreta ao seu próprio modo ajudam a reequilibrar a balança. Não existem músicas ruins neste primeiro trabalho do cantor de Busto Arsizio, algumas apenas não estão no mesmo nível que as demais.



Resta esperar para ver qual o trabalho de divulgação que a Warner fará com o cantor (e isto inclui a seleção do próximo single) e qual o caminho Luca Marino seguirá em seu próximo álbum: o dele próprio ou a sombra de Gianluca Grignani.

Melhores músicas: Non mi dai pace; La mia ragazza mi ha lasciato per uno di nome Fabio; Delirio delle tre; L’estate.
Piores músicas: Non è stato semplice; Levriero.
Nota: 8.0

* “Você pra mim é sol, céu e lágrimas.”

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou viciada em Non mi dai pace!! É uma das que mais tocam no meu mp3.

Thay disse...

Olá, Ana Maria! Obrigada pelo seu comentário. Realmente, Non mi dai pace é muuuito especial!!
Abraços!