sexta-feira, 4 de março de 2011

Arisa: Malamorenò (2010)

Antes de começar a resenha do último álbum lançado pela cantora Arisa, tenho um aviso para fazer. Trata-se de uma iniciativa do blog Música Italiana com o blog Encartes Pop, nosso parceiro de já algum tempo. Sabemos que uma das coisas mais legais de ter um álbum nas mãos é ver cada detalhe do encarte. Por esse motivo, algumas resenhas publicadas aqui remeterão para o encarte do disco em questão no Encartes Pop. Começamos então com "Malamorenò" de Arisa, para ver o encarte do disco clique aqui, e depois continue lendo a resenha do álbum.
Arisa se tornou conhecida pelo público italiano ao participar e vencer, merecidamente aliás, o Festival di Sanremo de 2009, na categoria Nuove Proposte com a ótima música Sincerità. Simultaneamente à sua participação no Festival, publicou o seu primeiro álbum que leva o mesmo nome da canção vencedora. Sincerità (2009) já teve a sua resenha publicada aqui no blog, mas para resumir pode-se dizer que é um ótimo álbum de estreia.
Arisa voltou a participar do Sanremo de 2010, com Malamorenò, desta vez já na categoria dos cantores conhecidos, e novamente aproveitou a ocasião do Festival para lançar seu novo álbum, e que assim como o anterior, a faixa que dava nome ao disco era a defendida no Sanremo. É sobre esse álbum que irei comentar na resenha. O primeiro ponto a ser falado é o do curto período de tempo entre um cd e outro, porém, ao contrário do que falei sobre o cd da Malika Ayane, não me parece que o "Malamorenò" tenha sido um álbum feito às pressas. Pelo contrário, é um álbum coeso, ainda que não tenha o brilho do primeiro. Mas falarei disso no decorrer da resenha.
A faixa que abre o disco é L'inventario di un amore. Nesta música, a delicadeza, tanto da interpretação quanto da letra, está presente. A música é bonita, e mesmo tratando do tema já tão falado que é o amor, consegue ter a sua porção de originalidade. É uma boa música, sem dúvida, mas um tanto quanto inofensiva, no sentido de conquistar o ouvinte.
A faixa seguinte é Oggi, e a introdução do piano mostra claramente as referências que aparecerão ao longo do disco a décadas passadas. Novamente, uma música que trata do amor. Ainda que Oggi, do ponto de vista da sua letra não seja nada de espetacular, a melodia e a voz de Arisa fazem com que ela seja bem mais simpática do que a anterior, e uma das melhores do álbum.
Tornerai é a terceira música do disco, e pode até soar um pouco estranha pela levadinha rock que tem. O que por um lado é bem interessante para mostrar a versatilidade de Arisa. Contudo, acho que apesar da voz de Arisa continuar impecável, a música é fraca. Parece que as coisas não combinaram, a melodia, a letra e a curta duração da música.
A quarta música é a defendida no Sanremo, Malamorenò. Muitos disseram que o público não soube entender a música da Arisa, que além de ser uma música de amor, como o próprio nome já diz (Ma l'amore no), era mais do que isso: um alerta a forma como estamos tratando o planeta. A letra da música já se inicia com a indicação temporal: Março de 2087, um tempo em que as pessoas emigram da Terra para a Lua para tentar a sorte, e que nem mesmo as flores têm mais cor, não há céu e nem sol. Mas, como a música prega ainda que tudo possa acabar, o amor não acabará. Malamorenò é uma ótima música, porém não tem uma audição tão simples e encantadora como Sincerità. Sincerità encanta desde o primeiro verso, Malamorenò foi escrita e cantada para se levar a reflexão. Talvez essa tenha sido a diferença na repercussão de cada uma delas. Não direi que Malamorenò é genial, mas é sem dúvida uma canção bem melhor do que as primeiras colocadas da penúltima edição do Festival.
Pace é, sem dúvidas, a melhor faixa do disco, ainda que sua essência lembre claramente Pensa così, integrante do disco anterior, pois ambas remetem à fábulas. Esta tratando de animais, aquela de sentimentos, como medo, ódio e, claro, amor. Essa semelhança, no entanto, não é desagradável, visto que ambas são excelentes músicas.
Il condominio, sexta faixa, logo no início chama atenção pelo seu começo pouco comum em músicas, mas muito comum no dia-a-dia, são sons de passos, de risadas infantis e de uma porta sendo fechada. Aliás, a música trata exatamente disso da rotina de pessoas que poderiam ser qualquer pessoa: a vizinha que não dorme por causa do choro do bebê, o militar aposentado, os idosos solitários, os imigrantes. Enfim, Arisa canta:
É um pequeno universo esse nosso condomínio, reúne homens e diversidade, cada um tem a sua verdade. Quem tem razão e que não tem? Cumprimentamo-nos pouco nesse nosso condomínio, cada um pensa só nas suas coisas”.
Nada mais verdadeiro. Fora a ótima letra, Il condominio ainda conta com a bela voz de Arisa em excelente forma.
La gioia di un attimo, sétima faixa, é aquela música que no começo se imagina que será a melhor canção do disco, mas na metade dela você não vê a hora de terminar. Motivo? A repetição. E trata-se aquela repetição do refrão que enjoa e logo na primeira audição. A música deveria ter no máximo três minutos, como tem mais do que isso, torna-se chata. Uma pena. Essa é a única faixa cuja letra é de autoria somente de Arisa (em outras faixas ela é uma das autoras), e ressalto que o problema não está na letra em si. Mas sim na repetição do refrão.
A música que segue, Sai che c’è, é um retrato da diferença entre as relações amorosas idealizadas, especialmente pelos meios televisivos, e a realidade, para isso flerta, e muito bem, com ritmos latinos.
Se non ci fossi tu, a penúltima canção do álbum, novamente tem um ritmo mais latina, mas trata-se definitivamente uma música de amor, daquelas que dizem que se a pessoa amada não existisse viver seria uma condenação, o céu não seria mais azul, e tudo mais. Mesmo assim, Se non ci fossi tu é uma música boa e mesmo muito agradável. Só, particularmente, acho desnecessário e não harmônico o trecho em espanhol cantando por alguém não identificado. Sério, não há nenhuma menção no encarte sobre quem participa da música.
Scivola Veloce, décima e última faixa do disco, é a mais longa do álbum, mas é uma das mais inofensivas por assim dizer. Tem um estilo mais moderno do que as anteriores, mas é só boazinha. Nada mais.

O desempenho de "Malamorenò" foi bem inferior ao de "Sincerità", disco de estreia da cantora, enquanto o álbum lançado em 2009 chegou a ficar na quinta posição dos discos mais vendidos da Itália, a melhor posição de "Malamorenò" foi apenas a 23ª. Se pararmos para pensar, "Malamorenò" é inferior a "Sincerità"? Por incrível que pareça, não. Arisa fugiu do comum e não fez um álbum cópia do de estreia, como, por exemplo, Tiziano Ferro fez com "Rosso Relativo" (2002) e "Centoundici" (2004). Arisa ousou, buscou sonoridades diferentes, compôs, tratou de temas que fogem do comum. A questão é que em "Sincerità", Arisa era uma ótima novidade, a melhor concorrente do Sanremo naquele ano. Ela conquistou todo o público. Já neste álbum, o single do Sanremo não teve a repercursão esperada e já se sabia que debaixo daquele visual pouco comum estava uma grande cantora.
Acredito que "Malamorenò" foi subestimado, o que é uma pena, pois é um bom álbum. Resta esperar e torcer que Arisa consiga continuar conquistando o público com sua linda voz e seu carisma.


Melhores músicas: Pace, Il condominio, Malamorenò.
Piores músicas: Tornerai, La gioia di un attimo.
Nota: 8.0

6 comentários:

Jeferson Brito disse...

Meninas, a sincronização ficou perfeita. Faremos excelentes trabalhos juntos durante esse ano. Adorei. Ficou lindo!

*-*

Jeferson Brito disse...

Ah, outra coisa. Esqueci de comentar que também postei um encarte da Laura Pausini logo em seguida. O Encartes Pop está bem italiano hoje rs

Thay disse...

Sim, ficou lindo!
E já comentei no álbum da Laura e comentei lá no Encartes também!!!
Beijos!

PalladiaHD disse...

Musica italiana é sempre bom! mais a laura pausini é a diva da musica italiana.

Thay disse...

Olá, PalladiaHD.
Concordo plenamente, Música Italiana é sempre bom, e todo mundo sabe que Laura Pausini é diva. Mas existem também outros incríveis artistas, como a própria Arisa, que tentamos divulgar aqui.
Abraços!

Chiisana Hana disse...

Concordo com tudo que a Thay falou na resenha! Aliás, Arisa faz parte do seleto grupo de unanimidades entre as blogueiras, e acho que ela ainda tem muito a nos mostrar.